Papo de garotas

Marni: Consuelo Castiglioni fugiu dos lugares-comuns da estação e abusou da inspiração esportiva, principalmente do ciclismo, mergulho e surfe, combinando materiais nobres e bordados com formas simples e silhueta ajustada. Túnicas, jaquetas curtinhas, tops com zíperes e bermudas coladas apareceram em tons pastel e vibrantes, em estampas florais, couro perfurado, rendas e até paetês!

Dolce & Gabbana: sexy (com as angels Izabel Goulart, Alessandra Ambrosio e Carol Trentini na passarela) e pseudo inocente apesar da profusão dos looks em renda branca, a coleção trouxe o melhor da dupla: peças inspiradas em lingerie, algumas estampas de leopardo, formas reveladoras e muita feminilidade. Entre vestidos curtos e midis, vale destacar o mix entre estampas e rendas, os terninhos de calça capri de algodão e os bordados delicados nos looks finais.

Missoni: o famoso zig-zag da grife foi reinterpretado a partir de influências africanas e sul-americanas, ou seja, novos desenhos coloridos em peças de silhueta ampla ganharam nuances interessantes nas misturas de turquesa, verde, amarelo, lilás e preto.

Bottega Veneta: Tomas Maier imaginou um verão urbano e bem relax para esta temporada, com vestidos soltos, feitos de tecidos leves como seda, ou macacões com coletes de couro croco, longos de seda de pára-quedas e tailleurs de bermudas. O toque esportivo apareceu nas camisetas e nas túnicas de telas usadas por cima dos vestidos. A cartela não poderia ser mais neutra: preto, cinza e nude.

EmporioArmani: num desfile enorme (80 looks!) o destaque vai para as peças perfeitas para Judy Jetson – vestidos ou blusa + saia armada em tons pastel sobre saia lápis midi transparente. No mais, os tradicionais tailleurs em tons neutros com maxi colares, muitas bermudas e alguns vestidos de jérsei.

Jil Sander: Raf Simons quis fazer uma nova interpretação do minimalismo exagerando no tamanho e volume das peças (saias longas, blazers compridos) e trabalhando com contraste de cores, como ele fez no desfile masculino. Os primeiros looks, de camisetas brancas com saias longas em pink, laranja, marinho ou verde resumem bem a proposta do desfile, que teve ainda peças listradas, calças amplas, camisas e sobreposições.

Etro: Veroncia Etro sempre trabalha algum tema inspirado nos anos 70 e com a década em alta, não poderia ser diferente. Estampas Paisley apareceram em vestidos longos de seda, que também vieram monocromáticos em tons de preto, azul e laranja, sendo alguns mais curtos e com decote 1 ombro. A coleção também tinha um leve clima safári, traduzido em estampas étnicas e nos terninhos de linho.

Gianfranco Ferré: Roberto Rimondi e Tommaso Aquilano viraram craques da alfaiataria mas desta vez foram em busca de peças mais sexies. A inspiração veio de Ella Fitzgerald, porém na prática o que se viu foram tailleurs em couro de cobra, mini vestidos justos, saias plissadas e até vestidos do tipo deusa, com direito a bordados de paetê e cintura marcada por cintos grossos.

Versace: o déja vu dos anos 90 foi inevitável com as saias abaixo dos joelhos e a silhueta ajustada. Donatella Versace combinou sensualidade com toques esportivos nas jaquetas curtas e tiras que formavam desenhos geométricos nos vestidos curtos e midis em tons de branco, preto, turquesa e vermelho fogo. A novidade ficou por conta dos detalhes plásticos ou bordados formando a logo da grife. No final, peças listradas e com franjas em tecidos mais maleáveis (o couro dominou a coleção).

Fendi: entre a camponesa e a mulher urbana, Karl Lagerfeld criou uma coleção de contrastes para a marca. Começando com o clima boêmio, bem inspirado em Yves Saint Laurent dos anos 70, o desfile teve blusas e vestidos camponesa, em tecidos leves. Logo depois vieram os terninhos, as saias tulipas, as camisas e os chemisiers em tecidos mais encorpados, entre eles um que parecia couro amassado, e cores vivas (vermelho, rosa, azul, verde, laranja e roxo). As bolsas eram estruturadas, menores, com alças compridas e bicolores.

D&G: uma verdadeira festa no jardim foi montada na passarela. Reforçando o mood boêmio, romântico e feminino da estação, Domenico Dolce e Stefano Gabbana abusaram dos florais em tecidos leves, dos shorts bloomers, dos macacões, das mini saias, das maxi-bolsas de tecido, das galochas em camurça, dos lenços na cabeça e até das luvas de jardinagem! Os florais tiveram a companhia do xadrez vichy, de algumas rendas, do jeans e do linho. Pra completar o clima escapista, camisetas da Branca de Neve e dos Sete Anões!

Minimalismo barroco. As duas palavras que são paradoxais fazem total sentido para Miuccia Prada, que estava cansada do minimalismo, tema que tanto explorou nesses últimos 20 anos. Traduzindo para a moda: formas simples com cores vivas, estampas divertidas e detalhes plásticos passaram a mensagem pretendida. Logo de cara, saias lápis com jaquetas de ombros arredondados, fechadas por zíperes em looks monocromáticos de laranja, verde e azul. Logo depois vieram as listras grossas e finalmente a grande surpresa da noite: silks de macacos e estampas de bananas!

Nesse momento, o clima “South American Way” de Carmen Miranda e, conseqüentemente os anos 40, eram bem nítidos, sobretudo nas saias sereia e nos vestidos acinturados com aplicações de vinil. Elementos esportivos como o tênis de sola emborrachada e as camisas amplas quebraram o possível excesso de sensualidade mas a latinidade continuou no mix de estampas e nos enormes sombreros que as modelos traziam pendurados nas costas. No fim, novamente um namoro com o minimalismo nos vestidos pretos de alcinhas. Nas mãos, porém, enormes estolas de peles coloridas e listradas se alternavam com as bolsas (médias, carteiras e envelope), enquanto as plataformas e as rasteiras eram as alternativas ao tênis.

Esta coleção pode não ser tão influente quanto à de inverno 2010-11, mas desde já é uma das mais divertidas da história da Prada. E diversão é o que a moda atual precisa, não?

A Somerset House em Londres ainda nem teve os cenários da London Fashion Week removidos e os fashionistas já estão em Milão para a terceira etapa dos lançamentos para a primavera/verão 2011. E pra ninguém tentar adiar a chegada, logo neste primeiro dia já havia um desfile de peso: Gucci.

Em sua mais elaborada coleção para a grife, Frida Giannini não economizou nos detalhes: bordados nas peças, colares ricos, cintos metálicos e aplicações de pedras exalavam o poder da Gucci. As inspirações vieram das fotografias de Guy Bourdin e David Bailey, das cores de Yves Saint Laurent nos anos 70 (o estilista mais revisitado da estação) e de suas coleções inspiradas no Marrocos e na África central. Na prática, o desfile teve a sofisticação sexy que a cliente da marca gosta.

Os primeiro looks, em seda e tons de jade, azul, laranja e violeta mostravam calças quase jodhpur e tops transpassados usados com cintos dourados e blazers, ou saias retas e mini vestidos que logo foram substituídos pelos looks nude, com blusas bordadas nas mangas, parkas-colete e franjas. O couro veio liso ou croco, em tops curtinhos usados com corsários, jaquetas com skinny, ou saias retas em tons de caramelo, marrom e preto.

No fim, vestidos coquetel em verde, laranja, dourado e marinho com muitas franjas nas saias. Para acompanhar, bolsas médias, maxi, carteiras e saltos, claro. A beleza das modelos – Raquel Zimmermann fez sua estréia na temporada – contribuiu bastante para o clima poderoso: lábios vermelhos brilhantes e coque sem um fio sobrando!